Lançado em 1993, o filme A Lista de Schindler pode ser considerado um dos mais importantes trabalhos do diretor Steven Spielberg até os dias atuais. Os 25 anos da produção não fizeram com que a obra perdesse o seu valor, afinal, como afirmou o diretor, "o preconceito ainda é tema relevante em nossa sociedade, mesmo que agora ele se manifeste mais frequentemente em crimes de racismo e xenofobia".

         Apesar de sua popularidade, assisti ao filme apenas recentemente e posso dizer que ele superou todas as minhas expectativas. Neste texto irei destacar alguns pontos da produção e analisar com mais detalhes os limites entre ficção e realidade que o filme e o cinema propõem, e para isso precisarei mencionar alguns SPOILERS.

Sinopse: Ao iniciar a leitura deste livro, logo percebemos que o autor é um leitor ávido e simpático às indagações e devaneios existenciais. Contudo, conforme nossos olhos percorrem as linhas e histórias que costuram experiências reais à literatura, percebemos também que essas narrativas são muito mais do que resenhas literárias. Gabriel Soares amarra a erudição dos autores clássicos a um tom informal que logo nos remete às idiossincrasias da cidade pequena, e nos traz o espírito de quem contempla a vida como um contador de causos, mas com ares cosmopolitas, de quem percorreu o mundo por si mesmo e através das palavras dos autores que o acompanham em sua jornada. É como se reencontrássemos um amigo que há muito não víamos e ouvíssemos suas histórias de viagens e leituras no tempo de um café da tarde.

Editora: Dobradura | Páginas: 355 | Ano: 2018 | Preço: R$39,90 | Cedido Pelo Autor


“Nós estamos presos nessa enfadonha liberdade do bom senso social.”

Já faz algum tempo que recebi este livro do autor, mas acabei demorando um pouco para iniciar a leitura e, após terminá-lo, precisei de um de tempo para refletir sobre como escreveria esta resenha. O fato é que esse livro me tirou da zona de conforto literária na qual estava, e queria conseguir expressar o quanto isso foi enriquecedor para mim.

Estou muito mais acostumada aos livros de fantasia, ficção científica e poesia, e apesar de ler crônicas e autores clássicos muitas vezes, este livro me trouxe um tipo de literatura com o qual eu nunca tinha me deparado. Gabriel Soares nos apresenta um livro de crônicas que oferece todas as características para encantar um amante da literatura e da filosofia.

         Nas crônicas, o autor traz relatos de viagens feitas pelo mundo, sempre aproveitando para entrelaçar a elas algo que encontrou ao ler um livro. Dessa forma ele discute, de modo informal, ideias presentes em obras de autores e filósofos clássicos, sempre contextualizadas com algo presente em seu dia-a-dia.


Ao passar pela Argentina, pelo Chile ou pelos Estados Unidos, conhecemos um pouco sobre a literatura de Fiódor Dostoiévski, Albert Camus ou Thomas Mann. Em meio a conferências, cafés e livrarias de São Paulo o pensamento pode se voltar para questões discutidas por Platão ou Epicuro. E ao narrar sobre Birigui, sua cidade natal no interior de São Paulo, o autor nos faz pensar em qual seria a essência da cidade pequena.

Portanto, Cidade Pequena não é um livro exclusivamente sobre cidades pequenas. É um livro que apresenta aquilo que pode ser encontrado em qualquer cidade: o cotidiano e os questionamentos que ele propõe, independente do lugar em que estivermos. O autor nos mostra isso por meio de uma linguagem despretensiosa e um texto fluido, como uma conversa entre amigos.

         Durante a leitura, podemos encontrar temas como a biologia, o hedonismo, os direitos dos animais, o materialismo filosófico, o atomismo e também assuntos muito discutidos na atualidade, como a taxação de grandes riquezas, direitos humanos, entre outros. No entanto, é perceptível que a maioria das crônicas do autor trabalha muito com a discussão de temas existencialistas, que questionam a importância do ser humano no mundo. Afinal, será que nossa espécie é realmente importante? Será que a vida tem sentido?


O autor demonstra grande convicção e embasamento filosófico em seus argumentos e, particularmente, concordei com ele na maior parte das questões. Entretanto, devo citar que o tema de uma das crônicas é a religião e, neste aspecto em especial, imagino que leitores religiosos poderão não se identificar com o ponto de vista do autor, abertamente ateu. Pessoalmente, também tive leve discordância com a questão no livro, mesmo sendo uma pessoa que não segue religiões.  

        Entretanto, da mesma forma que o livro permite repensarmos e concordamos com os argumentos do autor sobre diversos temas, também permite que você discorde de tudo o que foi dito. Acredito que o ponto aqui não seja tentar convencer o leitor de algo, mas fazer com que ele se depare com uma perspectiva que não está acostumado a encarar.


O livro faz uso de uma dose de humor irônico em crônicas que frequentemente exaltam a importância da ciência, da arte e da literatura. Seja nos autores clássicos mencionados ou na própria história de vida de Soares, que logo descobrimos ser compositor em uma banda e dono de uma livraria (conheça mais sobre ela aqui).

        Particularmente, é um livro que me motivou a querer conhecer mais títulos literários, principalmente de autores existencialistas. Sempre tive interesse por filosofia, mesmo que meu conhecimento nessa área seja ainda muito básico, e esse livro surge como um caminho a alguém que quer mergulhar em um tipo de leitura mais questionadora. Indico muito!

Sinopse: Depois de um terrível acidente, um homem acorda na cama sofrendo de perda de memória. Tentando absorver o que estava acontecendo, começa então a desvendar uma teia de mentiras e enganos, suspeitando de sua esposa, que o mantém prisioneiro em sua própria casa.

Direção: Michael Polish | Gênero: Suspense | Ano: 2014

Sinopse: Antes de falecer, o milionário Sir Reginald Hargreeves adotou sete crianças a fim de treiná-las para combater o mal. Depois que ele morre misteriosamente, esses jovens habilidosos unem suas forças para seguir o caminho para o qual seu pai adotivo os criou e acabam se envolvendo em um mundo muito mais perigoso do que eles imaginavam ser possível.

Direção: Steve Blackman | Gênero: Ação | Ano: 2019

Sinopse: 1888. Após sofrer com o ostracismo e a rejeição de suas pinturas em galerias de arte, Vincent Van Gogh (Willem Dafoe) decide ouvir o conselho de seu mentor, Paul Gauguin (Oscar Isaac), e se mudar para Arles, no sul da França. Lá, lutando contra os avanços da loucura, da depressão e as pressões sociais, o pintor holandês adentra uma das fases mais conturbadas e prolíficas de sua curta, porém meteórica, trajetória.

Direção: Julian Schnabel | Gênero: Biografia, Drama | Ano: 2018



A estrela da música, Jackson Maine, conhece e se apaixona por uma artista de talento, mas que passa por dificuldades, chamada Ally. Ela tem um trabalho comum, mas canta em um bar LGBT, dividindo espaço com as drag queens. No dia que Jackson a encontra, sua vida muda completamente e seu sonho volta a se tornar possível. Mas conforme Ally se torna uma estrela em ascensão, seu relacionamento pessoal com Jackson e a carreira dele vão em declínio.
Direção: Bradley Cooper | Gênero: Drama | Ano: 2018


Este já é o terceiro remake deste filme e continua arrebatando público e crítica. Claro que nesta versão de 2018, temos várias modernizações, mas digamos que a essência da história está intacta. Nasce uma estrela é um filme sobre uma carreira em ascensão e outra em declínio e um relacionamento que precisa sobreviver a isso. Ainda temos questões como fama, alcoolismo, identidade, dentre outros temas muito bem abordados.
Sinopse: Cidade do México, 1970. A rotina de uma família de classe média é controlada de uma maneira silenciosa por uma mulher (Yalitza Aparicio) que trabalha como babá e empregada doméstica. Durante um ano, diversos acontecimentos inesperados começam a afetar a vida de todos os moradores da casa, dando origem a uma série de mudanças, coletivas e pessoais.

Direção: Alfonso Cuarón | Gênero: Drama | Ano: 2018

Hoje é dia de continuar falando sobre os indicados às principais categorias do Oscar 2019 e o filme escolhido da vez é provavelmente um dos mais populares entre os concorrentes. Pantera Negra foi indicado em sete categorias: filme, canção original, design de produção, figurino, mixagem de som, edição de som e trilha sonora.

A indicação na categoria de melhor filme representa um marco importante na história do cinema, pois nenhum outro filme de super-heróis teve a chance de disputar nessa categoria do Oscar. De fato Pantera Negra apresenta alguns diferenciais entre os filmes de heróis, e ao assistir ao longa-metragem, todas as minhas expectativas sobre ele foram superadas.

      O filme conta a história de Wakanda, uma terra fictícia localizada no continente africano que foi atingida por um meteoro composto de vibranium, elemento considerado o mais valioso entre os conhecidos da espécie humana. Cinco tribos se desenvolveram na região, entre as quais quatro delas utilizavam o vibranium para a sua sobrevivência. 


Miles Morales tenta lidar com sua rotina de estudante do ensino médio quando se torna o Homem-Aranha. Quando o rei do crime, Wilson Fisk tenta recuperar algo importante para ele através de um super colisor, liberar diversos universos que se colidem em um só, reunindo diversos "homens aranhas", que juntos devem tentar resolver este problema.  

Nossa proposta para o blog nas próximas semanas é a de produzir textos sobre os principais indicados ao Oscar 2019. Sendo assim, hoje escolhi dar continuidade a esse projeto com uma análise do filme Bohemian Rhapsody. O longa-metragem concorre à estatueta em cinco categorias: filme, ator, mixagem de som, edição e edição de som.

Bohemian Rhapsody é uma biografia que conta a história do cantor Freddie Mercury e sua trajetória com uma das bandas de rock de maior sucesso no mundo, o Queen. O filme nos apresenta o histórico de como os integrantes se conheceram até se tornarem famosos, mas podemos observar que o foco da produção acompanha os conflitos que  também surgem na vida pessoal de Mercury.

      Posso dizer que gostei muito do filme, apesar de saber que o roteiro fez uso de algumas licenças poéticas que fizeram com que ele fosse um pouco criticado pelos fãs mais exigentes da banda (se quiser ver o que foi mudado da história original do Queen, clique aqui). Bohemian Rhapsody é um filme que traz consigo algumas polêmicas até os dias de hoje, mas nada disso tira o seu mérito nesta premiação e vou explicar as razões disso.


Hoje daremos início à nossa série de postagens sobre os indicados ao Oscar 2019 e escolhi começar esse projeto com a análise de um dos temas apresentados no filme Vice (2018), dirigido por Adam McKay e protagonizado por Christian Bale. A produção concorre ao Oscar em oito categorias: filme, ator, diretor, atriz coadjuvante, ator coadjuvante, roteiro original, edição e maquiagem e penteado.

O filme é uma biografia e conta a história de Dick Cheney, vice-presidente dos Estados Unidos durante o governo de George W. Bush. De início, podemos nos perguntar qual a importância de um vice-presidente. No entanto, a partir do filme logo percebemos que Dick Cheney foi um personagem fundamental para muitas das políticas adotadas durante o governo Bush, inclusive sendo o responsável pela criação de muitas delas.

Não estava com grandes expectativas ao me propor a ver o filme, mas acabei me surpreendendo muito positivamente com a produção. Vice tem um roteiro incrível, uma edição criativa que mistura imagens atuais com arquivos documentais, um senso de humor ácido e a atuação brilhante de Christian Bale, que está irreconhecível no papel de Cheney.




Sinopse: Sete estranhos, cada um com um segredo a enterrar se encontram no hotel El Royale do lago Tahoe, um local com um passado sombrio. Com o anoitecer, todos terão uma última chance de redenção....antes de tudo acabar no inferno.
 Direção: Drew Goddard | Gênero: Suspense, thriller | Ano: 2018



Ao reunir alguns estranhos, o diretor Drew Goddard cria um ambiente meio noir para mostrar as dificuldades enfrentadas pelos americanos após os anos 60, o aumento de movimentos de contracultura e de como os jovens estavam a procura de significado para a vida. Isso tudo é feito de maneira bastante inteligente e sutil, é possível captar essa mensagem mesmo ao meio de todo o entretenimento que o filme entrega. 

A crise das livrarias tem sido assunto de grande repercussão desde que os donos de grandes redes como Saraiva e Cultura manifestaram temor quanto ao futuro de suas lojas físicas. Apesar da situação financeira do mercado editorial apresentar resultados abaixo das expectativas há alguns anos, o ano passado foi certamente o que mais deixou claro os transtornos enfrentados nesse meio.

Atualmente há diversos textos e vídeos que explicam sobre os problemas financeiros das grandes livrarias, assim como também os que apontam a necessidade de mudança nos hábitos do consumidor de livros (temos um texto sobre isso aqui). Entretanto, poucos ainda falaram sobre como essa crise editorial tem sido vivenciada pelas pequenas livrarias.

O processo de negociação de livros estabelecido entre livrarias e editoras sofre muitas alterações quando comparamos as grandes redes nacionais e as pequenas livrarias, que constantemente passam por dificuldades ainda maiores. Para entender a forma como isso ocorre, acompanhe a entrevista realizada com Gabriel Soares, responsável pela livraria Moscoffee (antiga Moscou), localizada na cidade paulista de Birigui. 

Foto: Andre Stefano

Há quanto tempo existe a Moscoffee e como ela foi criada?
Primeiro inauguramos a Livraria Moscou em 2008, um local que só vendia livros, nada de objetos de papelaria e afins, ou seja, era uma livraria tradicional e o único produto vendido era o livro. Depois inauguramos, num espaço próximo (dentro da mesma galeria), o café Moscoffee, que visava atender um pedido dos clientes da livraria que queriam um espaço para tomar café e ler os livros que compravam. Com o avanço da crise econômica e o baixo volume de vendas dos livros, optamos por integrar o espaço do café com a livraria e transformar o café em um ambiente híbrido.

Ao longo desse tempo, quais foram as mudanças já feitas para atender o público com relação a parte de livraria?
        Chegamos a realizar uma ampliação da livraria na época que ainda não existia o café, mas o público pedia um espaço para reuniões, sofás, cafés, e por isso pensamos em criar a Moscoffee.


Como as pequenas livrarias, em especial a Moscoffee, estão lidando com a crise no mercado editorial?
A pequena livraria sempre sofreu com o monopólio das grandes redes que recebem primeiro os lançamentos e concentram as consignações das editoras. A consignação nada mais é que o envio dos lançamentos pelas editoras para as grandes redes. A livraria recebe os livros consignados e no final do mês faz um balanço do que foi vendido, depois envia o relatório das vendas para a editora faturar. Desse modo, a livraria só paga o que foi vendido e com isso pode manter o estoque da loja cheio sem precisar comprar todos os livros antecipadamente. A crise atual do mercado editorial gerou o calote por parte das grandes redes em relação a essas consignações. O problema para a livraria pequena é que as editoras passaram a privilegiar somente as grandes redes e deixaram de consignar para as livrarias pequenas, pelo menor volume de vendas. Desse jeito se formou a concentração nas grandes redes e as livrarias pequenas, sem dinheiro para comprar os livros com antecipação, não conseguem criar estoque para exposição na loja e acabam sendo obrigadas a fechar as portas.

      Muita gente compra pela internet porque é mais barato e mais rápido do que comprar ou encomendar um livro numa livraria pequena, isso existe porque as editoras concentram o envio consignado as essas editoras, e oferecem uma margem maior de desconto para elas, por isso os grandes sites conseguem vender mais barato. A única coisa que sobra para as livrarias pequenas em relação a disputa com o online é o prazer do passeio em uma livraria, ou seja, a experiência que a visita a uma livraria proporciona ao cliente. Essa experiência corre sério risco de extinção no Brasil.


Como você observa o impacto das compras de livros online em relação ao público que compra livros no estabelecimento?
O online tem prioridade na relação com as editoras, porque elas não precisam nem formar um estoque. O estoque fica nas próprias editoras, na maioria dos casos. O cliente realiza a compra no site, o site comunica a editora que fatura o livro e manda para o site, e o site repassa para o cliente. O site funciona como uma espécie de intermediário entre o cliente final e a editora. O impacto é causado pela centralização que as editoras fazem privilegiando o online e as grandes redes, e sufocando as pequenas livrarias.

Na sua perspectiva, manter uma livraria em uma cidade do interior de São Paulo apresenta mais vantagens ou dificuldades?
      Manter uma livraria independente, ou seja, fora do circuito das grandes redes, é impossível, seja no interior ou nas capitais, justamente porque a concorrência é desleal, o desconto é maior para as grandes redes, que por sua vez podem repassar preços bem menores, e além disso o próprio material (livro) é repassado quase que somente para as grandes redes, sobrando para a livraria pequena a opção de compra antecipada, e muitas vezes só depois que o livro lançado já rodou as grandes redes. Enfim, por isso a livraria independente praticamente não existe mais no Brasil, as lojas acabam colocando outros produtos para compensar. O que mantém uma loja é o café, os brinquedos, a papelaria, enfim, produtos cujo fornecimento não vem das editoras. Ninguém mais consegue viver só vendendo livros hoje no Brasil, nem as grandes redes.


Comparado aos demais anos de existência da Moscoffee, como pode ser classificado o ano de 2018 no quesito de vendas de livros?
Pior em relação a todos os últimos anos, principalmente pelo momento distópico político que vivemos.

Gostaria de acrescentar alguma coisa?
Ter uma livraria é um luxo, ou seja, é uma atividade que não gera lucro, custa caro e tem valor unicamente estético.

       Soares sabe que os verdadeiros consumidores de livros no Brasil, se pudessem, comprariam mais em livrarias físicas devido à experiência única que elas oferecem. Nos dias atuais, fazer com que as livrarias independentes também se mantenham vivas é um desafio ainda maior para os que valorizam a leitura.

Sinopse: Filho do humano Tom Curry (Temuera Morrison) com a atlante Atlanna (Nicole Kidman), Arthur Curry (Jason Momoa) cresce com a vivência de um humano e as capacidades metahumanas de um atlante. Quando seu irmão Orm (Patrick Wilson) deseja se tornar o Mestre dos Oceanos, subjugando os demais reinos aquáticos para que possa atacar a superfície, cabe a Arthur a tarefa de impedir a guerra iminente. Para tanto, ele recebe a ajuda de Mera (Amber Heard), princesa de um dos reinos, e o apoio de Vulko (Willem Dafoe), que o treinou secretamente desde a adolescência.

Direção: James Wan | Gênero: Ação, Fantasia | Ano: 2018


Como temos acompanhado nos últimos meses, a crise enfrentada pelas livrarias Saraiva, Cultura e outras tem feito com que muitas lojas físicas estejam fechando as portas pelo país. De acordo com o presidente da Livraria Cultura, Sergio Herz, houve uma queda de 40% no setor de vendas de livros em livrarias neste ano, o que gera grande preocupação sobre o futuro das lojas físicas nacionais.

A venda de livros em sites tem feito com que muitos leitores passem a utilizar esse meio como principal opção para adquirir livros, principalmente devido ao preço reduzido que as plataformas online oferecem. Porém, este é um momento em que se torna necessário abrir mão do preço baixo e levar em conta outros fatores. Além do fechamento das livrarias, dezenas de editoras também encontram-se com pagamentos atrasados, pois as lojas não conseguem dinheiro suficiente para acertar suas dívidas com os fornecedores.

Foto: Wikimedia Commons

Este TOP 5 foi criado para mostrar as vantagens de comprar em livrarias e apresentar os motivos pelos quais você deveria optar por essa forma de compra nas próximas vezes que adquirir livros. Visitar uma loja de livros pessoalmente é uma experiência maravilhosa, por isso não podemos permitir que elas sejam definitivamente excluídas do mercado. Vamos aos motivos!

5 – O contato imediato
Aqueles que estão acostumados a comprar livros em sites já devem ter passado pela experiência de fazer uma compra imaginando que a edição do livro seria de determinado modo, mas acabaram se surpreendendo quando receberam o produto. Ao comprar na livraria você pode ver o livro físico com todos os detalhes, sentir a qualidade da edição e finalizar a compra já com o produto em mãos, sem ter que pagar frete ou esperar dias para que chegue.


4 – Os marcadores
As pessoas que têm o hábito de carregar sempre um livro para onde quer que vão sabem dar valor a um marcador de páginas. Porém, em compras online, poucos são os livros que costumam vir com marcadores. Em livrarias, por outro lado, é muito comum que, ao pagar pelo livro, você ganhe um marcador de páginas. Em algumas delas, os marcadores chegam ao ficar sobre o balcão, à disposição do cliente.


3 – Os livreiros
Às vezes temos aquele amigo que sabemos que adora ler, conhecemos um pouco do seu gosto literário, mas não sabemos sobre um livro específico que ele gostaria de ganhar. Nessa situação, os livreiros são muito úteis, pois geralmente conhecem livros que possam indicar para agradar aquele perfil. Livreiros são ótimos ajudantes para escolher presentes!

2 – O ambiente
A maioria das livrarias, tanto as grandes quanto as pequenas, têm ambientes muito bonitos e agradáveis. Você pode observar dezenas de livros separados de modo organizado, ver quais são os best-sellers que ganham destaque nas vitrines, sentar em um sofá para ler um trecho de um livro que chamou sua atenção e até mesmo tomar um cafezinho em algumas delas.


1 – A economia nacional
Um dos maiores concorrentes para as livrarias brasileiras, inclusive para as plataformas online de venda de livros, é a multinacional Amazon. Sua popularidade e o fato de não precisar lidar com gastos com lojas físicas fazem com que ela venha crescendo a cada dia. É normal que os clientes se atraiam pelos preços baixos da Amazon, mas é necessário lembrar que, ao comprar de livrarias nacionais, estamos ajudando a fortalecer a economia do país e impedindo que as pessoas desse mercado corram o risco de ficar desempregadas.
Paulo Leminski foi um poeta curitibano que se tornou um grande nome da poesia nacional na década de 1980. Sua obra apresenta poemas que tiveram importância no movimento modernista, caracterizada por poesia breve, haicais (estilo de construção poética japonesa que apresenta poemas de apenas três versos) e poemas concretistas (estilo de construção em que o poema produz significado tanto ao ser lido quanto ao ser visualizado, pois os versos são colocados de modo a formar uma imagem).

Recentemente pude conferir a poesia de Leminski no livro Melhores Poemas, um compilado de textos do autor organizado por Fred Goés e Álvaro Marins, publicado pela editora Global. Apesar de ter gostado de alguns haicais e poemas concretistas, meus favoritos ainda foram os poemas de versos livres. Vamos ao TOP 5 desses textos inspiradores?

5 – Além Alma (Uma Grama Depois)
Meu coração lá de longe
faz sinal que quer voltar.
Já no peito trago em bronze:
NÃO TEM VAGA NEM LUGAR.
Pra que me serve um negócio
que não cessa de bater?
Mais parece um relógio
que acaba de enlouquecer.
Pra que é que eu quero quem chora,
se estou tão bem assim,
e o vazio que vai lá fora
cai macio dentro de mim?

4 – Razão de Ser
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
e as estrelas lá no céu
lembram letras no papel,
quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?

3 – Administério
Quando o mistério chegar,
já vai me encontrar dormindo,
metade dando pro sábado,
outra metade, domingo.
Não haja som nem silêncio,
quando o mistério aumentar.
Silêncio é coisa sem senso,
não cesso de observar.
Mistério, algo que, penso,
mais tempo, menos lugar.
Quando o mistério voltar,
meu sono esteja tão solto,
nem haja susto no mundo
que possa me sustentar.

Meia-noite, livro aberto.
Mariposas e mosquitos
pousam no texto incerto.
Seria o branco da folha,
luz que parece objeto?
Quem sabe o cheiro do preto,
que cai ali como um resto?
Ou seria que os insetos
descobriram parentesco
com as letras do alfabeto?


2 – Parada Cardíaca
Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure
vem de dentro

Vem da zona escura
donde vem o que sinto
sinto muito
sentir é muito lento.

1 – O Que Quer Dizer
O que quer dizer, diz.
Não fica fazendo
o que, um dia, eu sempre fiz.
Não fica só querendo, querendo
coisa que eu nunca quis.
O que quer dizer, diz.
Só se dizendo num outro
o que, um dia, se disse,
um dia, vai ser feliz.



Sinopse: Quando o falido capitão Abner Marsh recebe uma proposta de sociedade do rico e sinistro aristocrata Joshua York, ele até chega a desconfiar que algo está errado. Mas nada que a possibilidade de receber milhares de dólares em ouro e construir o barco dos seus sonhos não o possa fazer mudar de ideia. Assim surge o Fevre Dream, o melhor e mais potente barco de todo o Mississippi. Uma embarcação magnífica que, ao navegar pelo rio, vai deixando pelo caminho uma coleção de histórias sombrias. Movido pela força do vapor, o sonho do capitão pode se transformar no maior pesadelo da humanidade. 

Editora: LeYa | Páginas: 363 | Ano: 2015 | Preço: R$ 37,20


“Todo o gado que se preza adora a luz do sol.”

Este ano comecei a me interessar mais pela temática de vampiros, o que me fez querer ler esse livro de George R. R. Martin, um autor pelo qual eu já tinha grande admiração devido à série As Crônicas de Gelo e Fogo. O que encontramos nesse livro, porém, é algo diferente do cenário com o qual os leitores das Crônicas já estão acostumados. E mesmo assim, isso é maravilhoso.

A história de Sonho Febril se inicia no ano de 1857, na cidade americana de Saint Louis. Abner Marsh é capitão e dono de uma frota de barcos a vapor, porém tem enfrentado dias difíceis e atualmente só conta com um barco para seus transportes. Certo dia, um estranho homem aparece e lhe oferece dinheiro para construir o barco de seus sonhos em troca de uma parceria na embarcação de Abner. 

Este homem é o misterioso Joshua York, um sujeito educado, elegante e de hábitos sombrios. Mesmo ficando meio desconfiado, Abner é um homem simples, cujo sonho sempre foi vencer uma corrida de barcos, então acaba aceitando a proposta. A partir de então, eles constroem o Fevre Dream, um dos barcos mais rápidos e belos do rio Mississippi.

O negócio de transportes fluviais de Abner começa a prosperar e ele se anima muito com o sucesso. Com o passar dos dias, sente que Joshua não é mais apenas um sócio, mas também um amigo. Os dois se tornam uma bela dupla como capitães do Fevre Dream, mas Abner ainda não sabe lidar com todos os segredos que Joshua esconde e está sempre intrigado com ele.


Esse é um livro que nos apresenta dois núcleos de narrativa, então conforme vamos acompanhando o que acontece com Abner, paralelamente somos apresentados a outro personagem, cujo nome é Sour Billy Tipton. Billy vive em New Orleans, trabalhando em uma fazenda como empregado de Damon Julian, um lorde falido.

Damon é um homem bonito e refinado, porém se encontra em uma situação de dificuldade financeira. Logo nos primeiros capítulos, Damon toma uma atitude que nos revela o fato dele ser um vampiro e, mais do que isso, um mestre entre os vampiros. Billy, mesmo sendo humano, sabe disso desde o começo e sempre se manteve como fiel empregado de Damon.

O conflito do livro passa a acontecer quando os dois grupos se encontram. É interessante observar como as personalidades desses personagens são diferentes e como cada um têm suas próprias motivações. Às vezes vemos que alguns personagens pensam da mesma forma diante de uma situação, mas suas atitudes perante a ela são completamente opostas. 


Uma coisa que gostei muito foi a maneira como a mitologia dos vampiros foi alterada pelo Martin de forma cuidadosa. Ele faz questão de explicar tudo com detalhes, às vezes citando fatos históricos para dar veracidade a esse tipo de vampiro que criou. Inclusive, uso a palavra “vampiro” para esses seres, mas como um dos próprios personagens diz, esse conceito é muito limitado para explicar o que essas criaturas são na narrativa.

O livro também nos dá uma boa visão de como eram os Estados Unidos no século XIX, principalmente para os moradores das cidades de Saint Louis, New Orleans e suas proximidades. A partir desse contexto, algo que é lembrado no livro também é a escravidão dos negros no país. Inclusive o autor abordou os temas da escravidão e do racismo de forma bem criativa.

Gostei muito dos personagens da narrativa, acho que eles têm bastante profundidade. Posso dizer que há dois vilões nessa história, e na minha perspectiva os dois foram os personagens mais impactantes do livro. Um deles por ser muito frio e imprevisível e o segundo por ser um personagem completamente asqueroso, que chega a causar repulsa. 


O único motivo de não classificar Sonho Febril com cinco estrelas é, na verdade, o começo. Mesmo gostando do estilo de escrita detalhista do Martin, achei o início desse livro um pouco lento e arrastado. O autor quer nos dar uma boa noção do funcionamento dos barcos a vapor e dos trajetos dos rios pelos quais Abner navega e acho que essa parte acabou se tornando longa demais.

Se você se interessa por barcos, imagino que irá achar esse início da história muito interessante. Caso contrário, talvez você precise de um pouco de determinação na leitura. Mas depois de ultrapassar a página 100, eu não conseguia mais largar o livro, pois é cheio de momentos de ação. A edição do livro também ajuda, com fonte confortável para a leitura e páginas amareladas.