Sinopse: Ao iniciar a leitura deste livro, logo percebemos que o autor é um leitor ávido e simpático às indagações e devaneios existenciais. Contudo, conforme nossos olhos percorrem as linhas e histórias que costuram experiências reais à literatura, percebemos também que essas narrativas são muito mais do que resenhas literárias. Gabriel Soares amarra a erudição dos autores clássicos a um tom informal que logo nos remete às idiossincrasias da cidade pequena, e nos traz o espírito de quem contempla a vida como um contador de causos, mas com ares cosmopolitas, de quem percorreu o mundo por si mesmo e através das palavras dos autores que o acompanham em sua jornada. É como se reencontrássemos um amigo que há muito não víamos e ouvíssemos suas histórias de viagens e leituras no tempo de um café da tarde.
Editora: Dobradura | Páginas: 355 | Ano: 2018 | Preço: R$39,90 | Cedido Pelo Autor
“Nós estamos presos
nessa enfadonha liberdade do bom senso social.”
Já
faz algum tempo que recebi este livro do autor, mas acabei demorando um pouco
para iniciar a leitura e, após terminá-lo, precisei de um de tempo para
refletir sobre como escreveria esta resenha. O fato é que esse livro me tirou
da zona de conforto literária na qual estava, e queria conseguir expressar o
quanto isso foi enriquecedor para mim.
Estou
muito mais acostumada aos livros de fantasia, ficção científica e poesia, e
apesar de ler crônicas e autores clássicos muitas vezes, este livro me trouxe
um tipo de literatura com o qual eu nunca tinha me deparado. Gabriel Soares nos
apresenta um livro de crônicas que oferece todas as características para
encantar um amante da literatura e da filosofia.
Nas crônicas, o autor
traz relatos de viagens feitas pelo mundo, sempre aproveitando para entrelaçar
a elas algo que encontrou ao ler um livro. Dessa forma ele discute, de modo informal, ideias presentes em obras de autores e filósofos clássicos,
sempre contextualizadas com algo presente em seu dia-a-dia.
Ao
passar pela Argentina, pelo Chile ou pelos Estados Unidos, conhecemos um pouco sobre
a literatura de Fiódor Dostoiévski, Albert Camus ou Thomas Mann. Em meio a
conferências, cafés e livrarias de São Paulo o pensamento pode se voltar para
questões discutidas por Platão ou Epicuro. E ao narrar sobre Birigui, sua
cidade natal no interior de São Paulo, o autor nos faz pensar em qual seria a
essência da cidade pequena.
Portanto, Cidade Pequena não é um livro
exclusivamente sobre cidades pequenas. É um livro que apresenta aquilo que pode
ser encontrado em qualquer cidade: o cotidiano e os questionamentos que ele
propõe, independente do lugar em que estivermos. O autor nos mostra isso por
meio de uma linguagem despretensiosa e um texto fluido, como uma conversa entre
amigos.
Durante a leitura, podemos
encontrar temas como a biologia, o hedonismo, os direitos dos animais, o
materialismo filosófico, o atomismo e também assuntos muito discutidos na
atualidade, como a taxação de grandes riquezas, direitos humanos, entre outros.
No entanto, é perceptível que a maioria das crônicas do autor trabalha muito
com a discussão de temas existencialistas, que questionam a importância do ser
humano no mundo. Afinal, será que nossa espécie é realmente importante? Será
que a vida tem sentido?
O
autor demonstra grande convicção e embasamento filosófico em seus argumentos e,
particularmente, concordei com ele na maior parte das questões. Entretanto, devo
citar que o tema de uma das crônicas é a religião e, neste aspecto em especial,
imagino que leitores religiosos poderão não se identificar com o ponto de vista
do autor, abertamente ateu. Pessoalmente, também tive leve discordância com a questão no livro, mesmo sendo uma pessoa que não segue religiões.
Entretanto, da mesma
forma que o livro permite repensarmos e concordamos com os argumentos do autor
sobre diversos temas, também permite que você discorde de tudo o que foi dito. Acredito
que o ponto aqui não seja tentar convencer o leitor de algo, mas fazer com que
ele se depare com uma perspectiva que não está acostumado a encarar.
O
livro faz uso de uma dose de humor irônico em crônicas que frequentemente exaltam
a importância da ciência, da arte e da literatura. Seja nos autores clássicos
mencionados ou na própria história de vida de Soares, que logo descobrimos ser compositor
em uma banda e dono de uma livraria (conheça mais sobre ela aqui).
Particularmente, é um
livro que me motivou a querer conhecer mais títulos literários, principalmente de
autores existencialistas. Sempre tive interesse por filosofia, mesmo que meu
conhecimento nessa área seja ainda muito básico, e esse livro surge como um caminho
a alguém que quer mergulhar em um tipo de leitura mais questionadora. Indico
muito!
Olá!
ResponderExcluirGosto cada vez mais de crônicas e sempre acho formidável conhecer mais as impressões sobre diferentes estilos e autores. Não conhecia essa leitura, mas ver que traz sentimentos a tona já ganha pontos comigo.
Camila de Moraes
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirEu gosto de livros com contos e/ou crônicas, acho esse tipo de leitura prazerosa e me fascina poder conhecer diversas histórias, bem como a escrita de diferentes autores. Eu particularmente não conhecia o livro, mas achei interessante.
Abraço!
Oi, Jéssica.
ResponderExcluirNuma época da minha vida de leitora eu era viciada em crônicas, mas já faz alguns anos que não encontro um bom livro desse tipo de narrativa. Não sou muito de histórias existenciais, mas vou dar uma olhada nesse livro com carinho! Quem sabe?! Rs...
beijos
Camis - blog Leitora Compulsiva
Gosto demais de crônicas, esse livro me deixou bem interessado em seu conteúdo, anotei seu nome,pois desejo conhecê-lo melhor. Irei adquirir meu exemplar.
ResponderExcluirOi Jessica!
ResponderExcluirGosto bastante de crônicas, me pareceu um livro bem profundo em suas convicções, gosto de conhecer autores novos, pois esse só ouvi falar agora, vou deixar a dica anotada, parabéns pela resenha você ressaltou muito bem os pontos importantes sobre a trama, bjs!
Olá, tudo bom?
ResponderExcluirNão sou de ler livros de crônicas, mas fiquei bem curiosa em relação a esse. Adorei saber que o autor pega temas cotidianos e que vem sendo discutidos e os aborda através de um olhar e viés filosófico, de uma maneira convincente e bem embasada.
Anotei a dica e espero poder ler em breve!
Beijos!
Oi, Jéssica! Faz muito tempo que não me deparo com livros filosóficos. Eu tenho uma religião e acho que seria uma das leitoras que não concordaria com o ponto de vista do autor sobre isso. (Ele pelo visto é daqueles que não importa o que você pensa, ele não vai respeitar um ser cuja existência ele não acredita e vai falar isso de cara e com ironia e deboche).
ResponderExcluirbjs
Lucy - Por essas páginas
Olá, Jéssica!
ResponderExcluirQue resenha legal. Fiquei super curiosa para conhecer as crônicas do livro. Adoro quando a história abrange o existencialismo e conversa com a gente. Procurei ele na Amazon, mas só achei em e-book. Me interessou demais a história, em último caso, vou ler no kindle mesmo. Obrigada pela dica!!!
Ola!
ResponderExcluirSem sombra de duvidas é maravilhoso quando nos arriscamos sair da nossa zona de conforto para encarar o desconhecido e nos surpreendemos com algo que nos conquista dessa forma.
Amei sua resenha, porem, infelizmente esse livro não é para mim, pois o assunto em si não é de meu interesse mais profundo e possuo um certo problemas com cronicas, uma coisa muito da idiota que me persegue ne?
beijos
poxa, eu adoro crônicas, ainda mais com tantas referências a autores que gosto, sobre viagens e pautas sócio-politicas-existenciais. acredito que eu iria apreciar demais essa leitura... não conhecia a obra mas já vai pra lista de possíveis aquisições...
ResponderExcluirbjs :D
Eu não conhecia o livro e achei a capa muito bonita e a premissa interessante, gosto de livros que nos fazem pensar e adoro crônicas. Sua resenha está ótima e você me deixou com muita vontade de ler o livro também, espero ter a oportunidade em breve.
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