A série da Netflix, "a Maldição da residência Hill" despertou muitos sentimentos e emoções diferentes nas pessoas, algumas ficaram totalmente apavoradas e outras, como eu, não gostaram tanto. Sinceramente eu achei a série meio arrastada demais e com um final bastante questionável. 


Mas tudo na série foi um desperdício de tempo?

Não posso dizer isso. Além de uma produção muito bonita e atuações interessantes, tem um episódio em especial que chamou minha atenção e é sobre ele que falarei, portanto, teremos spoilers nesse texto.

No episódio 5, The bent neck lady, temos finalmente um episódio do ponto de vista de Nell, que a esta altura sabemos que cometeu suicídio (pelo menos aparentemente), e iremos finalmente descobrir o motivo de tal ato.

Vamos direto a infância de Nell na residência Hill, onde ela passa a ser assombrada por um fantasma apavorante que ela chama de “Bent-neck lady”, a moça do pescoço torto, devido a aparência da figura fantasmagórica de pescoço quebrado. Essa assombração gera desde a infância de Nell episódios de paralisia do sono, problema este que a acompanha até a vida adulta, causando-lhe muito problemas relacionado a insônia e ansiedade.



Nell ainda na infância enfrentou toda uma situação inexplicada com o pai e a morte da mãe e isso a marcou, junto com as aparições da moça do pescoço torto.
Já adulta, ela procura um tratamento para sua paralisia do sono, não acredita muito que pode resolver isso já que se trata de um problema sobrenatural, mas tenta mesmo assim. Nessa consulta, ela conhece Arthur, seu futuro marido. Vemos cenas do casamento dela em outro episódio e mesmo nesse e certamente o questionamento do que levou ela ao suicídio, já que o clima de felicidade era evidente em Nell durante o casamento.

Essa felicidade fez com que ela tivesse cada vez menos episódios de paralisia do sono e as aparições fantasmas desapareceram de sua vida nessa fase.
Porém determinada noite, Nell volta a ter uma crise de paralisia do sono e desta vez volta a ver a moça do pescoço torto mas seu marido que sabe lidar muito bem com a situação, tenta ajudá-la, se levantando para acender a luz mas cai desacordado no chão. Nesse momento Nell que está paralisada tem a visão da fantasma e acredita que o que aconteceu a Arthur tem a ver com ela. 


Posteriormente descobriríamos que Arthur morreu de um aneurisma, mas Nell não pode acreditar nisso pois seria uma incrível coincidência a volta da fantasma no momento da morte do marido.
A morte do marido e novas aparições da moça do pescoço torto atormentam Nell que passa a entrar em crise com os familiares e com a vida que tem levado, resolvendo que a única forma de se livrar daquilo é voltando a residência Hill.

Ela tenta contato com os irmãos antes de chegar a casa e todos os irmãos a ignoram, o quê criou toda uma situação propícia para um possível suicídio. Luto, depressão, raiva, solidão, culpa, Nell passava por tudo isso naquele momento.

Ao entrar na casa, Nell começa a ter visões com a família e com o marido, chegando a dançar uma valsa com ele, numa cena bonita e bizarra. Após a dança, ela acompanha a mãe até uma escadaria, e a mãe lhe dá um colar que tinha lhe prometido ainda na infância, colocando este em seu pescoço. Mas isso não passava de uma armadilha e o que Nell tem em seu pescoço é uma corda, que a leva a cair e com a força da queda, Nell quebra o pescoço.
Nesse momento temos a revelação de que o tempo todo, a moça do pescoço torto era a própria Nell assombrando ela mesma. E temos uma sequência em que Nell vê ela mesma em todos os momentos em que ela teve a visita da moça do pescoço torto.



Achou assustador? Pode conferir a série, se tiver coragem, na Netflix. Se já viu, me diga o quê achou nos comentários.



Sinopse: Blackeberg, subúrbio de Estocolmo. Oskar (Kare Hedebrant) é um garoto de 12 anos que se sente só. Na escola ele sempre é provocado por outros garotos e, apesar da raiva que sente, é incapaz de reagir. Um dia, ao brincar no pátio repleto de neve do prédio onde mora, ele conhece Eli (Lina Leandersson). Ela é uma garota pálida e solitária, que se mudou para a vizinhança recentemente, em companhia de seu suposto pai. Apesar do temor em se aproximar de Oskar, logo Eli se torna sua amiga. Paralelamente, uma série de assassinatos macabros em que o sangue das vítimas é retirado começa a acontecer. Eli está envolvida com estes fatos de uma forma que Oskar jamais poderia imaginar.



Direção: Tomas Alfredson | Gênero: Terror | Ano: 2008

                            




Sinopse: No século XV, um líder e guerreiro dos Cárpatos renega a Igreja quando esta se recusa a enterrar em solo sagrado a mulher que amava, pois ela se matou acreditando que ele estava morto. Assim, perambula através dos séculos como um morto-vivo e, ao contratar um advogado, descobre que a noiva deste é a reencarnação da sua amada. Deste modo, o deixa preso com suas “noivas” e vai para a Londres da Inglaterra vitoriana no intuito de encontrar a mulher que sempre amou através dos séculos.



 Direção: Francis Ford Coppola | Gênero: Terror | Ano: 1992






Sinopse: Quando Arthur Rimbaud escreveu à sua irmã Isabelle “A vida é uma miséria sem fim. Por que existimos?”, ele tinha 37 anos e apenas mais alguns meses de vida. Mas que importância tem isso para alguém que viveu muitas vidas em uma só: uma vida de aluno precoce, de adolescente rebelde, uma vida efêmera de poeta genial, de amante de Paul Verlaine, uma vida de grande viajante, de negociante na Abissínia, uma vida de estropiado, de aleijado, errando pelos desertos da África Oriental, uma vida de tragédia grega, de verbo e de silêncio? Vida e obra se confundem para formar a incrível saga de Arthur Rimbaud na terra. Esta, que é uma das maiores aventuras poéticas de todos os tempos, é reconstituída nesta brilhante biografia.



Editora: L&PM | Páginas: 221 | Ano: 2011 | Preço: R$ 14,87


“On n’est pas sérieux quand on a dix-sept ans.”


Ninguém é sério aos dezessete anos. Essa frase, que dá início ao poema “Romance”, define com perfeição a personalidade do jovem e boêmio Arthur Rimbaud. Era natural que estivesse em constante mudança, que não gostasse de monotonia, que buscasse novas coisas para aprender e lugares para conhecer.

Rimbaud é certamente um dos maiores poetas franceses que já existiu. Por esse motivo, é surpreendente que seja possível encontrar sua vida toda descrita no curto espaço de 221 páginas. Mas Jean-Baptiste Baronian fez um grande trabalho nesta biografia, sendo capaz de narrar toda a trajetória do rapaz e incluir em sua narrativa diversos poemas escritos por Rimbaud, além de cartas que marcaram importantes momentos de sua vida.

Quando falamos sobre poesia estrangeira, há muito o que considerar, mas o principal aspecto de preocupação para muitos é certamente a tradução. Se a tradução já é um elemento de grande importância no texto em prosa, na poesia é ainda mais. Isso acontece porque a tradução precisa conciliar no texto poético tanto os significados empregados pelo autor quanto o ritmo utilizado no poema.


          O trabalho da tradutora foi muito eficiente nesse aspecto, pois a edição conta com os poemas originais em francês e uma tradução que respeita a métrica e o estilo de Rimbaud. Além disso, a obra também nos apresenta várias notas de rodapé que nos explicam muito sobre elementos citados e sobre o contexto do século XIX vivenciado pelo poeta.

Todos esses artifícios foram usados para narrar com detalhes a vida de Rimbaud, um garoto que nasceu no interior da França e que, desde criança, já demonstrou grande talento na poesia. Rimbaud foi um poeta simbolista e em sua obra encontramos muitos poemas que carregam as características desse movimento, tais como elementos metafísicos, místicos, misteriosos e românticos.

Além disso, durante a adolescência também escreveu alguns poemas inspirados pela Comuna de Paris, a primeira tentativa de implantação de um governo socialista. Durante esse período, contou com a ajuda de um professor e amigo que o orientou a conhecer profundamente os trabalhos dos grandes poetas da época. 


Foi desta forma que conheceu a obra de Paul Verlaine, com a qual se encantou logo de início. Em uma oportunidade que tiveram para se encontrar em Paris, Rimbaud e Verlaine perceberam então que tinham muito em comum: o estilo poético, as opiniões políticas e, principalmente, uma profunda admiração um pelo outro.

Os dois passaram a manter um relacionamento amoroso, apesar de Verlaine já ser casado. Porém logo as dificuldades financeiras, as discussões e os boatos fizeram com que o relacionamento dos dois desmoronasse, sendo definitivamente rompido com um acesso de fúria de Verlaine, que disparou dois tiros contra Rimbaud antes de ser levado à prisão.

A partir de então, a vida de Rimbaud se tornou uma grande busca pela própria identidade. Em um curto espaço de tempo, seu amor pela poesia foi substituído por novos interesses, como as viagens, o mundo dos negócios e o encanto das fotografias. Diversos foram os sofrimentos pelos quais passou durante a vida adulta, mas sempre esteve disposto a lidar com eles para descobrir algo novo.


O que impressiona na vida de Rimbaud é o fato dela ter sido tão curta e tão produtiva. O poeta não apenas falava francês, mas também inglês, alemão, árabe, russo e italiano. Viveu na França, na Inglaterra, na Alemanha, na Itália, isso sem falar do período em que trabalhou para um circo viajante. Também tocava piano e seu conhecimento pelo território da África Oriental se tornou tão profundo que ele foi capaz de publicar diversos textos científicos sobre regiões que nunca haviam sido exploradas por povos que não fossem as tribos nativas.

Ao realizar a leitura desse livro, me emocionei muito em certos momentos, principalmente ao ler sobre a vida adulta do poeta. Suas transformações são constantes e, talvez devido ao próprio estilo melancólico de se expressar, as cartas que troca com a mãe, a irmã e Verlaine são muito intensas e dramáticas. Como leitor, é possível que sejamos capazes de sentir todas as angústias pelas quais ele passa em períodos de dificuldade.

O livro se apresenta em uma edição pocket, que apesar de simples, é muito prática. Mesmo que apresente um formato pequeno, a fonte é de tamanho agradável para a leitura. Achei a versão bem completa, pois ao fim da obra ainda encontramos anexos com uma cronologia da vida de Rimbaud além de muitas referências de outras obras sobre o poeta.


Recentemente tive uma experiência muito divertida assistindo ao anime “Ao no Exorcist”, também conhecido como “Blue Exorcist”. Gostei muito da história de Rin, um garoto que, ao descobrir ser filho de Satã e compreender o terrível histórico de seu pai na sociedade em que vive, resolve se tornar um exorcista para lutar frente à frente contra o pai.

Uma das coisas que mais gosto no anime é a relação entre Rin e seu irmão gêmeo, Yukio. É meio angustiante observar o quanto os dois têm personalidades diferentes e, mesmo que gostem muito um do outro, sempre parece haver uma inveja reprimida, principalmente por parte de Yukio. Os conflitos de identidade de Rin pelo fato de ser um demônio também são bem interessantes.





Sinopse: Quem é que nunca desejou conhecer ao vivo os personagens de seus livros prediletos? Mo, além de exímio encadernador, tem uma habilidade insólita: ao ler em voz alta, dá vida às palavras, e coisas e seres das histórias surgem ao seu lado como que por mágica. Numa noite fatídica, quando sua filha Meggie ainda era praticamente um bebê, a língua encantada de Mo trouxe à vida alguns personagens de um livro misterioso chamado “Coração de Tinta” – e acabou mandando para lá sua mulher. Meggie não conhece essa história, até que um estranho visitante aparece no meio da noite. Com roupas gastas como as de um artista de circo, os dedos cobertos de fuligem, e no ombro um bicho de estimação com pequenos chifres pontudos, ele não é um estranho para Mo, que o convida a passar a noite na casa – os dois têm muito a conversar. Quando na manhã seguinte Mo avisa à filha que eles precisam fazer imediatamente uma viagem, ela entende que algo muito errado está ocorrendo. É o começo de uma aventura perigosa, cheia de acontecimentos fantásticos e reviravoltas imprevistas, que vai mudar para sempre a ideia que Meggie tem sobre os livros e suas histórias. Primeiro volume da trilogia “Mundo de Tinta”.



Editora: Companhia das Letras | Páginas: 455 | Ano: 2006 | Preço: R$ 34,30


“Por acaso você sabe como a sua história termina?”

Coração de Tinta é o primeiro livro da trilogia Mundo de Tinta. Esse volume nos conta a história de Meggie, uma garota que mora com seu pai, um encadernador de livros. Tanto Meggie quanto o pai adoram livros, mas a garota nunca entendeu os motivos dele jamais querer ler histórias em voz alta para ela, até o dia em que um estranho chega na casa dos dois.

Na verdade, o rapaz é um velho conhecido de seu pai e, por mais que o dono da casa tente evitar a presença do visitante, o recém-chegado acaba sendo o responsável por uma grande revelação na vida de Meggie. Graças a ele, a garota acaba descobrindo que seu pai possui o incrível dom de tirar dos livros tudo aquilo que lê em voz alta.

Mas essa novidade não é tudo. O excêntrico rapaz, chamado Dedo Empoeirado, também lhes traz uma terrível notícia: um dos maiores vilões que havia sido tirado de um livro agora está à procura do pai de Meggie. Inicialmente, os personagens não compreendem os motivos disso, mas logo percebem que precisam fugir e procurar um esconderijo.


Há diversas coisas que gosto neste livro, mas há algo que aparece como um ponto negativo para mim: o vilão. Capricórnio, como é chamado o inimigo de Meggie e seu pai, é um líder que comanda um grupo de homens treinados para matar às suas ordens. Ele é uma figura que impõe medo aos habitantes do vilarejo devido às simbologias que usa para se assemelhar ao Diabo, mas é difícil entender a razão pela qual seus próprios seguidores o respeitam.

Mesmo sentindo falta de um pouco de profundidade em Capricórnio, percebi o quanto a autora fez um ótimo trabalho quanto a isso em outros personagens, dos quais gostei muito. Um deles é Elinor, a tia-avó de Meggie. Acredito que todas as pessoas que gostam de livros deveriam ler Coração de Tinta, pois ele é como um relato de amor à literatura e isso é principalmente manifestado por essa personagem.

Elinor trata seus livros como tesouros e sempre se lembra de uma história ou personagem literário que possa comparar com as situações pelas quais passa. Tudo isso já me faz gostar muito de Elinor, mas o que mais me faz gostar dela é a sua força. Nem a idade e nem seu físico a impedem de ser firme, enfrentando todos com ousadia, sem abaixar a cabeça nem para os vilões.


Tão ousado quanto ela é Dedo Empoeirado, meu personagem favorito na história. Não devo falar muito sobre ele para evitar spoilers, mas posso descrevê-lo como um saltimbanco sarcástico e misterioso. Dedo Empoeirado costuma ir aonde quer carregando sua marta (animal parecido com furão) de estimação na mochila. Por seu caminho, ele faz shows de malabarismo e apresentações pirotécnicas engolindo e cuspindo fogo.

Considero esse personagem o mais complexo da narrativa. O tempo todo, ele tem apenas um objetivo em mente e faz de tudo para alcançá-lo. Por ser completamente impenetrável pelos outros personagens e pelo próprio leitor, nunca é possível saber tudo o que é de seu conhecimento e se ele é alguém em quem os protagonistas devem confiar ou não.

Além da marta de estimação, Dedo Empoeirado logo encontra alguém que está disposto a acompanhá-lo aonde quer que vá. Este companheiro é Farid, um garoto árabe que sempre foi maltratado pelos criminosos para quem era obrigado a trabalhar. Por sua vivência em um ambiente hostil, é interessante observar o quanto Farid é frio diante de situações que parecem horríveis aos outros.  


Em meio aos personagens, outro ponto que não me agrada muito é a personalidade de Meggie. Ela me parece uma garota muito dependente do pai e isso se tornou cansativo para mim. Porém, com o avançar da história, observamos que Meggie vai ganhando mais autonomia. Acredito que ela possa evoluir muito ao longo da trilogia e estou esperançosa quanto a isso.

Sobre a edição, posso dizer que adoro essa capa e que ela traz muitas referências às situações da história. A fonte utilizada no texto é de tamanho agradável e o livro é dividido em capítulos acompanhados de uma epígrafe. Gostei muito dessas epígrafes, pois nelas há referências de livros clássicos que se encaixam perfeitamente com as situações vividas pelos personagens. O livro também conta com pequenas ilustrações no fim dos capítulos.