Hoje daremos início à nossa série de postagens sobre os indicados ao Oscar 2019 e escolhi começar esse projeto com a análise de um dos temas apresentados no filme Vice (2018), dirigido por Adam McKay e protagonizado por Christian Bale. A produção concorre ao Oscar em oito categorias: filme, ator, diretor, atriz coadjuvante, ator coadjuvante, roteiro original, edição e maquiagem e penteado.

O filme é uma biografia e conta a história de Dick Cheney, vice-presidente dos Estados Unidos durante o governo de George W. Bush. De início, podemos nos perguntar qual a importância de um vice-presidente. No entanto, a partir do filme logo percebemos que Dick Cheney foi um personagem fundamental para muitas das políticas adotadas durante o governo Bush, inclusive sendo o responsável pela criação de muitas delas.

Não estava com grandes expectativas ao me propor a ver o filme, mas acabei me surpreendendo muito positivamente com a produção. Vice tem um roteiro incrível, uma edição criativa que mistura imagens atuais com arquivos documentais, um senso de humor ácido e a atuação brilhante de Christian Bale, que está irreconhecível no papel de Cheney.




Sinopse: Sete estranhos, cada um com um segredo a enterrar se encontram no hotel El Royale do lago Tahoe, um local com um passado sombrio. Com o anoitecer, todos terão uma última chance de redenção....antes de tudo acabar no inferno.
 Direção: Drew Goddard | Gênero: Suspense, thriller | Ano: 2018



Ao reunir alguns estranhos, o diretor Drew Goddard cria um ambiente meio noir para mostrar as dificuldades enfrentadas pelos americanos após os anos 60, o aumento de movimentos de contracultura e de como os jovens estavam a procura de significado para a vida. Isso tudo é feito de maneira bastante inteligente e sutil, é possível captar essa mensagem mesmo ao meio de todo o entretenimento que o filme entrega. 

A crise das livrarias tem sido assunto de grande repercussão desde que os donos de grandes redes como Saraiva e Cultura manifestaram temor quanto ao futuro de suas lojas físicas. Apesar da situação financeira do mercado editorial apresentar resultados abaixo das expectativas há alguns anos, o ano passado foi certamente o que mais deixou claro os transtornos enfrentados nesse meio.

Atualmente há diversos textos e vídeos que explicam sobre os problemas financeiros das grandes livrarias, assim como também os que apontam a necessidade de mudança nos hábitos do consumidor de livros (temos um texto sobre isso aqui). Entretanto, poucos ainda falaram sobre como essa crise editorial tem sido vivenciada pelas pequenas livrarias.

O processo de negociação de livros estabelecido entre livrarias e editoras sofre muitas alterações quando comparamos as grandes redes nacionais e as pequenas livrarias, que constantemente passam por dificuldades ainda maiores. Para entender a forma como isso ocorre, acompanhe a entrevista realizada com Gabriel Soares, responsável pela livraria Moscoffee (antiga Moscou), localizada na cidade paulista de Birigui. 

Foto: Andre Stefano

Há quanto tempo existe a Moscoffee e como ela foi criada?
Primeiro inauguramos a Livraria Moscou em 2008, um local que só vendia livros, nada de objetos de papelaria e afins, ou seja, era uma livraria tradicional e o único produto vendido era o livro. Depois inauguramos, num espaço próximo (dentro da mesma galeria), o café Moscoffee, que visava atender um pedido dos clientes da livraria que queriam um espaço para tomar café e ler os livros que compravam. Com o avanço da crise econômica e o baixo volume de vendas dos livros, optamos por integrar o espaço do café com a livraria e transformar o café em um ambiente híbrido.

Ao longo desse tempo, quais foram as mudanças já feitas para atender o público com relação a parte de livraria?
        Chegamos a realizar uma ampliação da livraria na época que ainda não existia o café, mas o público pedia um espaço para reuniões, sofás, cafés, e por isso pensamos em criar a Moscoffee.


Como as pequenas livrarias, em especial a Moscoffee, estão lidando com a crise no mercado editorial?
A pequena livraria sempre sofreu com o monopólio das grandes redes que recebem primeiro os lançamentos e concentram as consignações das editoras. A consignação nada mais é que o envio dos lançamentos pelas editoras para as grandes redes. A livraria recebe os livros consignados e no final do mês faz um balanço do que foi vendido, depois envia o relatório das vendas para a editora faturar. Desse modo, a livraria só paga o que foi vendido e com isso pode manter o estoque da loja cheio sem precisar comprar todos os livros antecipadamente. A crise atual do mercado editorial gerou o calote por parte das grandes redes em relação a essas consignações. O problema para a livraria pequena é que as editoras passaram a privilegiar somente as grandes redes e deixaram de consignar para as livrarias pequenas, pelo menor volume de vendas. Desse jeito se formou a concentração nas grandes redes e as livrarias pequenas, sem dinheiro para comprar os livros com antecipação, não conseguem criar estoque para exposição na loja e acabam sendo obrigadas a fechar as portas.

      Muita gente compra pela internet porque é mais barato e mais rápido do que comprar ou encomendar um livro numa livraria pequena, isso existe porque as editoras concentram o envio consignado as essas editoras, e oferecem uma margem maior de desconto para elas, por isso os grandes sites conseguem vender mais barato. A única coisa que sobra para as livrarias pequenas em relação a disputa com o online é o prazer do passeio em uma livraria, ou seja, a experiência que a visita a uma livraria proporciona ao cliente. Essa experiência corre sério risco de extinção no Brasil.


Como você observa o impacto das compras de livros online em relação ao público que compra livros no estabelecimento?
O online tem prioridade na relação com as editoras, porque elas não precisam nem formar um estoque. O estoque fica nas próprias editoras, na maioria dos casos. O cliente realiza a compra no site, o site comunica a editora que fatura o livro e manda para o site, e o site repassa para o cliente. O site funciona como uma espécie de intermediário entre o cliente final e a editora. O impacto é causado pela centralização que as editoras fazem privilegiando o online e as grandes redes, e sufocando as pequenas livrarias.

Na sua perspectiva, manter uma livraria em uma cidade do interior de São Paulo apresenta mais vantagens ou dificuldades?
      Manter uma livraria independente, ou seja, fora do circuito das grandes redes, é impossível, seja no interior ou nas capitais, justamente porque a concorrência é desleal, o desconto é maior para as grandes redes, que por sua vez podem repassar preços bem menores, e além disso o próprio material (livro) é repassado quase que somente para as grandes redes, sobrando para a livraria pequena a opção de compra antecipada, e muitas vezes só depois que o livro lançado já rodou as grandes redes. Enfim, por isso a livraria independente praticamente não existe mais no Brasil, as lojas acabam colocando outros produtos para compensar. O que mantém uma loja é o café, os brinquedos, a papelaria, enfim, produtos cujo fornecimento não vem das editoras. Ninguém mais consegue viver só vendendo livros hoje no Brasil, nem as grandes redes.


Comparado aos demais anos de existência da Moscoffee, como pode ser classificado o ano de 2018 no quesito de vendas de livros?
Pior em relação a todos os últimos anos, principalmente pelo momento distópico político que vivemos.

Gostaria de acrescentar alguma coisa?
Ter uma livraria é um luxo, ou seja, é uma atividade que não gera lucro, custa caro e tem valor unicamente estético.

       Soares sabe que os verdadeiros consumidores de livros no Brasil, se pudessem, comprariam mais em livrarias físicas devido à experiência única que elas oferecem. Nos dias atuais, fazer com que as livrarias independentes também se mantenham vivas é um desafio ainda maior para os que valorizam a leitura.

Sinopse: Filho do humano Tom Curry (Temuera Morrison) com a atlante Atlanna (Nicole Kidman), Arthur Curry (Jason Momoa) cresce com a vivência de um humano e as capacidades metahumanas de um atlante. Quando seu irmão Orm (Patrick Wilson) deseja se tornar o Mestre dos Oceanos, subjugando os demais reinos aquáticos para que possa atacar a superfície, cabe a Arthur a tarefa de impedir a guerra iminente. Para tanto, ele recebe a ajuda de Mera (Amber Heard), princesa de um dos reinos, e o apoio de Vulko (Willem Dafoe), que o treinou secretamente desde a adolescência.

Direção: James Wan | Gênero: Ação, Fantasia | Ano: 2018