Como temos acompanhado nos últimos meses, a crise enfrentada pelas livrarias Saraiva, Cultura e outras tem feito com que muitas lojas físicas estejam fechando as portas pelo país. De acordo com o presidente da Livraria Cultura, Sergio Herz, houve uma queda de 40% no setor de vendas de livros em livrarias neste ano, o que gera grande preocupação sobre o futuro das lojas físicas nacionais.

A venda de livros em sites tem feito com que muitos leitores passem a utilizar esse meio como principal opção para adquirir livros, principalmente devido ao preço reduzido que as plataformas online oferecem. Porém, este é um momento em que se torna necessário abrir mão do preço baixo e levar em conta outros fatores. Além do fechamento das livrarias, dezenas de editoras também encontram-se com pagamentos atrasados, pois as lojas não conseguem dinheiro suficiente para acertar suas dívidas com os fornecedores.

Foto: Wikimedia Commons

Este TOP 5 foi criado para mostrar as vantagens de comprar em livrarias e apresentar os motivos pelos quais você deveria optar por essa forma de compra nas próximas vezes que adquirir livros. Visitar uma loja de livros pessoalmente é uma experiência maravilhosa, por isso não podemos permitir que elas sejam definitivamente excluídas do mercado. Vamos aos motivos!

5 – O contato imediato
Aqueles que estão acostumados a comprar livros em sites já devem ter passado pela experiência de fazer uma compra imaginando que a edição do livro seria de determinado modo, mas acabaram se surpreendendo quando receberam o produto. Ao comprar na livraria você pode ver o livro físico com todos os detalhes, sentir a qualidade da edição e finalizar a compra já com o produto em mãos, sem ter que pagar frete ou esperar dias para que chegue.


4 – Os marcadores
As pessoas que têm o hábito de carregar sempre um livro para onde quer que vão sabem dar valor a um marcador de páginas. Porém, em compras online, poucos são os livros que costumam vir com marcadores. Em livrarias, por outro lado, é muito comum que, ao pagar pelo livro, você ganhe um marcador de páginas. Em algumas delas, os marcadores chegam ao ficar sobre o balcão, à disposição do cliente.


3 – Os livreiros
Às vezes temos aquele amigo que sabemos que adora ler, conhecemos um pouco do seu gosto literário, mas não sabemos sobre um livro específico que ele gostaria de ganhar. Nessa situação, os livreiros são muito úteis, pois geralmente conhecem livros que possam indicar para agradar aquele perfil. Livreiros são ótimos ajudantes para escolher presentes!

2 – O ambiente
A maioria das livrarias, tanto as grandes quanto as pequenas, têm ambientes muito bonitos e agradáveis. Você pode observar dezenas de livros separados de modo organizado, ver quais são os best-sellers que ganham destaque nas vitrines, sentar em um sofá para ler um trecho de um livro que chamou sua atenção e até mesmo tomar um cafezinho em algumas delas.


1 – A economia nacional
Um dos maiores concorrentes para as livrarias brasileiras, inclusive para as plataformas online de venda de livros, é a multinacional Amazon. Sua popularidade e o fato de não precisar lidar com gastos com lojas físicas fazem com que ela venha crescendo a cada dia. É normal que os clientes se atraiam pelos preços baixos da Amazon, mas é necessário lembrar que, ao comprar de livrarias nacionais, estamos ajudando a fortalecer a economia do país e impedindo que as pessoas desse mercado corram o risco de ficar desempregadas.
Paulo Leminski foi um poeta curitibano que se tornou um grande nome da poesia nacional na década de 1980. Sua obra apresenta poemas que tiveram importância no movimento modernista, caracterizada por poesia breve, haicais (estilo de construção poética japonesa que apresenta poemas de apenas três versos) e poemas concretistas (estilo de construção em que o poema produz significado tanto ao ser lido quanto ao ser visualizado, pois os versos são colocados de modo a formar uma imagem).

Recentemente pude conferir a poesia de Leminski no livro Melhores Poemas, um compilado de textos do autor organizado por Fred Goés e Álvaro Marins, publicado pela editora Global. Apesar de ter gostado de alguns haicais e poemas concretistas, meus favoritos ainda foram os poemas de versos livres. Vamos ao TOP 5 desses textos inspiradores?

5 – Além Alma (Uma Grama Depois)
Meu coração lá de longe
faz sinal que quer voltar.
Já no peito trago em bronze:
NÃO TEM VAGA NEM LUGAR.
Pra que me serve um negócio
que não cessa de bater?
Mais parece um relógio
que acaba de enlouquecer.
Pra que é que eu quero quem chora,
se estou tão bem assim,
e o vazio que vai lá fora
cai macio dentro de mim?

4 – Razão de Ser
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
e as estrelas lá no céu
lembram letras no papel,
quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?

3 – Administério
Quando o mistério chegar,
já vai me encontrar dormindo,
metade dando pro sábado,
outra metade, domingo.
Não haja som nem silêncio,
quando o mistério aumentar.
Silêncio é coisa sem senso,
não cesso de observar.
Mistério, algo que, penso,
mais tempo, menos lugar.
Quando o mistério voltar,
meu sono esteja tão solto,
nem haja susto no mundo
que possa me sustentar.

Meia-noite, livro aberto.
Mariposas e mosquitos
pousam no texto incerto.
Seria o branco da folha,
luz que parece objeto?
Quem sabe o cheiro do preto,
que cai ali como um resto?
Ou seria que os insetos
descobriram parentesco
com as letras do alfabeto?


2 – Parada Cardíaca
Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure
vem de dentro

Vem da zona escura
donde vem o que sinto
sinto muito
sentir é muito lento.

1 – O Que Quer Dizer
O que quer dizer, diz.
Não fica fazendo
o que, um dia, eu sempre fiz.
Não fica só querendo, querendo
coisa que eu nunca quis.
O que quer dizer, diz.
Só se dizendo num outro
o que, um dia, se disse,
um dia, vai ser feliz.



Sinopse: Quando o falido capitão Abner Marsh recebe uma proposta de sociedade do rico e sinistro aristocrata Joshua York, ele até chega a desconfiar que algo está errado. Mas nada que a possibilidade de receber milhares de dólares em ouro e construir o barco dos seus sonhos não o possa fazer mudar de ideia. Assim surge o Fevre Dream, o melhor e mais potente barco de todo o Mississippi. Uma embarcação magnífica que, ao navegar pelo rio, vai deixando pelo caminho uma coleção de histórias sombrias. Movido pela força do vapor, o sonho do capitão pode se transformar no maior pesadelo da humanidade. 

Editora: LeYa | Páginas: 363 | Ano: 2015 | Preço: R$ 37,20


“Todo o gado que se preza adora a luz do sol.”

Este ano comecei a me interessar mais pela temática de vampiros, o que me fez querer ler esse livro de George R. R. Martin, um autor pelo qual eu já tinha grande admiração devido à série As Crônicas de Gelo e Fogo. O que encontramos nesse livro, porém, é algo diferente do cenário com o qual os leitores das Crônicas já estão acostumados. E mesmo assim, isso é maravilhoso.

A história de Sonho Febril se inicia no ano de 1857, na cidade americana de Saint Louis. Abner Marsh é capitão e dono de uma frota de barcos a vapor, porém tem enfrentado dias difíceis e atualmente só conta com um barco para seus transportes. Certo dia, um estranho homem aparece e lhe oferece dinheiro para construir o barco de seus sonhos em troca de uma parceria na embarcação de Abner. 

Este homem é o misterioso Joshua York, um sujeito educado, elegante e de hábitos sombrios. Mesmo ficando meio desconfiado, Abner é um homem simples, cujo sonho sempre foi vencer uma corrida de barcos, então acaba aceitando a proposta. A partir de então, eles constroem o Fevre Dream, um dos barcos mais rápidos e belos do rio Mississippi.

O negócio de transportes fluviais de Abner começa a prosperar e ele se anima muito com o sucesso. Com o passar dos dias, sente que Joshua não é mais apenas um sócio, mas também um amigo. Os dois se tornam uma bela dupla como capitães do Fevre Dream, mas Abner ainda não sabe lidar com todos os segredos que Joshua esconde e está sempre intrigado com ele.


Esse é um livro que nos apresenta dois núcleos de narrativa, então conforme vamos acompanhando o que acontece com Abner, paralelamente somos apresentados a outro personagem, cujo nome é Sour Billy Tipton. Billy vive em New Orleans, trabalhando em uma fazenda como empregado de Damon Julian, um lorde falido.

Damon é um homem bonito e refinado, porém se encontra em uma situação de dificuldade financeira. Logo nos primeiros capítulos, Damon toma uma atitude que nos revela o fato dele ser um vampiro e, mais do que isso, um mestre entre os vampiros. Billy, mesmo sendo humano, sabe disso desde o começo e sempre se manteve como fiel empregado de Damon.

O conflito do livro passa a acontecer quando os dois grupos se encontram. É interessante observar como as personalidades desses personagens são diferentes e como cada um têm suas próprias motivações. Às vezes vemos que alguns personagens pensam da mesma forma diante de uma situação, mas suas atitudes perante a ela são completamente opostas. 


Uma coisa que gostei muito foi a maneira como a mitologia dos vampiros foi alterada pelo Martin de forma cuidadosa. Ele faz questão de explicar tudo com detalhes, às vezes citando fatos históricos para dar veracidade a esse tipo de vampiro que criou. Inclusive, uso a palavra “vampiro” para esses seres, mas como um dos próprios personagens diz, esse conceito é muito limitado para explicar o que essas criaturas são na narrativa.

O livro também nos dá uma boa visão de como eram os Estados Unidos no século XIX, principalmente para os moradores das cidades de Saint Louis, New Orleans e suas proximidades. A partir desse contexto, algo que é lembrado no livro também é a escravidão dos negros no país. Inclusive o autor abordou os temas da escravidão e do racismo de forma bem criativa.

Gostei muito dos personagens da narrativa, acho que eles têm bastante profundidade. Posso dizer que há dois vilões nessa história, e na minha perspectiva os dois foram os personagens mais impactantes do livro. Um deles por ser muito frio e imprevisível e o segundo por ser um personagem completamente asqueroso, que chega a causar repulsa. 


O único motivo de não classificar Sonho Febril com cinco estrelas é, na verdade, o começo. Mesmo gostando do estilo de escrita detalhista do Martin, achei o início desse livro um pouco lento e arrastado. O autor quer nos dar uma boa noção do funcionamento dos barcos a vapor e dos trajetos dos rios pelos quais Abner navega e acho que essa parte acabou se tornando longa demais.

Se você se interessa por barcos, imagino que irá achar esse início da história muito interessante. Caso contrário, talvez você precise de um pouco de determinação na leitura. Mas depois de ultrapassar a página 100, eu não conseguia mais largar o livro, pois é cheio de momentos de ação. A edição do livro também ajuda, com fonte confortável para a leitura e páginas amareladas. 



 A Metamorfose é a mais célebre novela de Franz Kafka e uma das mais importantes de toda a história da literatura. O texto coloca o leitor diante de um caixeiro-viajante - o famoso Gregor Samsa - transformado em um inseto monstruoso. A partir daí a história é narrada com um realismo inesperado que associa o inverossímil e o senso de humor ao que é trágico, grotesco e cruel na condição humana - tudo no estilo transparente e perfeito desse mestre inconfundível da ficção universal. 

Editora: Pé da letra | Páginas: 97 | Ano: 1915 | Preço: R$ 23,70



A Metamorfose é realmente uma leitura bem esquisita. Escrito em 1915 por Franz Kafka, A Metamorfose conta a história de Gregor Samsa e sua transformação que afeta drasticamente sua família.


É impossível não ler este livro e questionar sobre questões políticas que ainda são muito presentes, diria que até mais do que já era na época, como a alienação que o capitalismo desenvolve nas pessoas e como a pessoa é desumanizada quando não segue essas regras.

Mas boa parte do livro é na verdade sobre a relação familiar de Gregor e o quanto se distanciavam cada vez mais. O surrealismo com que nos deparamos no início do livro é algo que pode ser difícil para alguns leitores, pois o protagonista se transforma em um inseto, mas isso não parece nada demais. 



É engraçado e triste perceber que a primeira preocupação de Gregor é com o fato de que precisa trabalhar e não que agora não tem mais formas humanas. Me fez pensar naquela situação comum em que o corpo humano implora por descanso, mas não é obedecido por que as obrigações estão à frente de nossa vida, saúde e bem-estar. Novamente, impossível não pensar nos pesados grilhões do capitalismo.



A relação familiar é curiosa, e também triste, pois por anos Gregor tem sido o provedor da família, trabalhando como caixeiro viajante de sol a sol, e sua impossibilidade de continuar a provê-los, o transforma em um nada para a família. Imagino que a primeira coisa que esperaria de meus entes queridos é que se acordasse transformada numa barata, eu teria apoio e não rejeição. É muito triste notar que a relação entre Gregor e sua família morreu quando ele acordou com várias patinhas e anteninhas, ou melhor, quando ele deixou de ser útil.


Ao terminar a leitura eu não sabia como classificar a experiência, pois é uma leitura rápida, mas intensa, e os sentimentos que o livro lhe causa são difíceis de digerir no primeiro momento (ou no segundo ou décimo). Mas não é à toa que o livro é considerado um dos grandes clássicos da literatura, ainda mais quando pensamos que mesmo hoje, mais de 100 anos depois, o livro é extremamente atual. Ou melhor dizendo, tristemente atual.


Lançado em 1961, Bonequinha de Luxo é um filme clássico dirigido por Blake Edwards e baseado no livro homônimo de Truman Capote. Apesar de ser uma obra da década de 1960, o filme ainda faz grande sucesso, sendo que sua popularidade deve muito à protagonista Holly Golightly, interpretada por Audrey Hepburn.

Assisti ao filme motivada pela imagem da personagem, que sempre vi representada em muitos lugares e posso dizer que não me decepcionei com ela. Holly rapidamente entrou para minha lista de personagens mais carismáticas já vistas em produções cinematográficas. Portanto, se você ainda não viu o filme, digo que vale a pena, principalmente por causa dela. 


Entretanto, nem tudo me agradou nessa produção, e nessa análise vou explicar o que encaro como o tema principal do filme: a liberdade feminina. Para contextualizar aos que ainda não o viram, a obra conta a história de Holly Golightly, uma prostituta de luxo que sonha em se casar com um milionário.

Holly costuma tomar seu café da manhã em frente à famosa joalheria Tiffany, a qual considera como o melhor lugar do mundo. De início, ela nos parece apenas uma mulher fútil e deslumbrada pela riqueza, mas com o avançar do filme podemos perceber o quanto ela é determinada, independente e muito prática, mesmo que ainda demonstre uma personalidade ingênua.

Aos poucos, o filme nos conta os sofrimentos pelos quais Holly passou na infância e as atitudes que tomou com a intenção de superá-los e tudo isso só fez com que eu sentisse mais pena e afeição pela personagem. Como telespectador, grande parte dessas descobertas que fazemos sobre a vida de Holly são por meio de Paul Varjak, um escritor que se torna seu vizinho de apartamento.

Holly e Paul começam uma amizade e vemos essa aproximação entre os dois aumentar depois que ela descobre que Paul recebe dinheiro sendo amante de uma mulher casada. De qualquer modo, mesmo que os dois tenham formas parecidas de ganhar dinheiro, o relacionamento deles se mostra alheio à isso, se firmando em uma amizade que envolve conselhos e preocupações sinceras.


Não sou exatamente fã de filmes românticos, mas me vi torcendo por esse casal, que parecia ter uma boa química e um relacionamento bem construído. Eram o tipo de casal que, mesmo sem dizer, deixa o telespectador perceber que estão apaixonados um pelo outro. Entretanto, Paul não era o homem milionário dos sonhos de Holly e é a partir disso que começam as complicações do filme.

Neste momento, irei tratar mais diretamente sobre as questões da liberdade feminina mostradas na produção e para isso será necessário mencionar SPOILERS, portanto se você ainda não viu o filme e se incomoda com isso, aconselho a finalizar a leitura do texto por aqui.  A seguir, a análise irá apresentar vários SPOILERS dessa obra.

Ao observamos um filme clássico, um fator de grande importância é o contexto no qual ele foi produzido; nesse caso, o contexto da década de 1960. Pesquisadores afirmam que o papel da mulher na sociedade começou a mudar entre as décadas de 1940 e 1960 em decorrência da Segunda Guerra Mundial, que levou mulheres à trabalharem nas indústrias de armamentos, algo que ajudou na independência financeira feminina.

Além disso, 1960 foi o ano do surgimento da pílula anticoncepcional nos Estados Unidos, o que possibilitou às mulheres poder de escolha para administrar a própria vida sexual. A partir desse breve panorama, podemos perceber que Bonequinha de Luxo, ao trazer uma protagonista tão independente, estava perfeitamente alinhado às revoluções da época. 


Porém, por mais que tenha sido um filme importante na década de 1960, podemos dizer que esse filme traz um discurso que deve ser mantido atualmente? Minha resposta é não, pois atualmente podemos ver que toda a liberdade e independência demonstradas por Holly são ofuscadas pelas atitudes de Paul ao final do filme. Como mencionei, cheguei a torcer pelo casal em certo momento, mas o final me fez detestar Paul completamente.

Ao perceber que estava apaixonado por Holly, ele resolve se declarar a ela. Entretanto, ela ainda não está pronta para aceitar seus sentimentos, então recusa o relacionamento. O que acontece a seguir são diversas atitudes desesperadas do personagem para tentar convencer Holly de que ela deve ficar com ele. A personalidade da protagonista, definida pela própria como “livre e selvagem”, já fazia com que esperássemos uma recusa inicial e possivelmente uma mudança de opinião no futuro.

Porém, o verdadeiro incômodo é o momento em que Holly, após perder sua chance de se casar com um homem milionário, precisa lidar com as insistências de Paul dentro de um táxi. Muito irritada, Holly quer mostrar a ele que não pertence a ninguém, assim como nada também lhe pertencia, e para isso a protagonista abandona seu gato de estimação na rua. É nesse instante que Paul faz o discurso mais decepcionante de todos:

Sabe qual é o seu problema, Senhorita-Quem-Quer-Que-Seja? Você é medrosa. Não é corajosa. Tem medo de encarar a realidade e dizer: a vida é assim. As pessoas se apaixonam. As pessoas pertencem umas às outras. É a única chance que têm de serem felizes. Você acha que é uma criatura livre e selvagem e morre de medo de que alguém a ponha em uma jaula. Bom, querida, você já está na jaula! Você mesma a construiu.

Na minha perspectiva, o personagem poderia ter usado diversos argumentos para tentar convencer Holly de que ela seria feliz com ele, mas ele a convence justamente negando sua liberdade. Ele impõe a ela que o único modo de ser feliz é estando com ele e, mais do que isso, “pertencendo” a ele. É tão decepcionante ver Holly aceitando algo assim que, quando desce do táxi, cheguei a pensar que ela apenas iria atrás do gato abandonado, mas no fim ela acaba indo em busca dele e de Paul.


Conclusão: todo o conceito de mulher independente que o filme buscava transmitir morre no instante em que Paul define quais são os limites da liberdade de Holly e quais são as atitudes que ela precisa tomar. Por esse motivo, por mais que eu tenha amado a protagonista, não posso dizer que gostei do final do filme, assim como espero que muitas pessoas também não se sintam representadas por esse relacionamento.

Após conversar com a Mirian Furtado, minha colega de blog, descobri que outras críticas já haviam sido feitas ao Paul como personagem e, ao pesquisar um pouco sobre o assunto, soube que ele foi bastante alterado em relação ao livro de onde surgiu. Sendo assim, acredito que seja útil ler o livro de Truman Capote para conferir essas mudanças.